As irregularidades que envolvem a instalação de um ranário
de propriedade da ex-mulher do senador Jader Barbalho (PDMB), que teria
recebido recursos milionários da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam) há cerca de 10 anos, voltaram à tona. Em processo de montagem
de seu gabinete no Senado Federal - vaga que assumiu apenas um ano depois das
eleições em virtude da Lei Ficha Limpa -, Jader escolheu ninguém menos que a
sócia do Ranário Ramazon, Silvia Helena da Cruz Moreira, para compor sua equipe
de comissionados. As informações foram publicadas na semana passada pelo jornal
'Correio Braziliense', do Distrito Federal.
De acordo com a reportagem
do 'Correio Braziliense', Silvia Cruz Moreira é proprietária de 14,5% do
ranário (de razão social Centeno & Moreira) e foi nomeada para o cargo de
assessora parlamentar nível 3 no gabinete de Jader Barbalho, com salário de R$
4 mil. O Banco da Amazônia detêm 44,3% das ações do ranário e a ex-mulher de
Jader, Márcia Cristina Zahluth, continua na sociedade, de acordo com o jornal.
Segundo as denúncias, que vieram à tona em 2001, o criadouro de rãs teria sido
custeado através do desvio de dinheiro da Sudam. A superintendência teria
repassado R$ 9,6 milhões para arcar com as despesas do ranário.
O episódio do ranário
foi um dos motivos que levou Jader a renunciar ao seu mandato no Senado. Na
esteira de diversas denúncias de fraudes na Sudam, o peemedebista renunciou ao
mandato para impedir o processo de cassação. A renúncia de 2001 foi o que
enquadrou Jader Barbalho na Lei Ficha Limpa, e impediu, por quase um ano, que
ele assumisse a vaga no Congresso. Quando as denúncias de fraude relacionadas
ao ranário começaram a ser investigadas, Márcia Cristina Zahluth ainda não era
casada com Jader. Ela é sobrinha da primeira mulher do senador, Elcione
Barbalho.
Ao “Correio Braziliense”, a assessoria de imprensa do senador informou que o ranário não está em atividade, já que, no ano passado, foi invadido e está em processo de reintegração de posse. Por meio de sua assessoria, Silvia Helena afirmou que, apesar de seu nome constar na lista de sócios, se desligou da empresa em 1996. A reportagem afirma ainda que, segundo Jader, uma “perícia federal” teria sido realizada no ano passado no ranário, como parte do processo de apuração dos desvios.
Polícia Federal - O caso ranário que recebeu milhões da Sudam foi investigado, na época, pela Polícia Federal. Durante a investigação, Márcia Zahluth Centeno apareceu como suspeita de ter desviado verba liberada pela Sudam para seu ranário, localizado em Icoaraci. Márcia Zaluth também foi sócia, entre 1996 e 1998, de Osmar Borges, um dos acusados de fraudar recursos da Sudam. Ele é acusado de desviar, por meio de suas empresas, mais de R$ 100 milhões dos cofres da superintendência. Segundo dados divulgados na época pelo Tribunal de Contas da União, o ranário era uma das 28 empresas que apresentava maior disparidade entre o valor liberado e a execução da obra, indicando um desvio de 44,68% do valor original.
O episódio do ranário foi apenas uma das vertentes do esquema milionário que usurpou mais de R$ 130 milhões dos cofres da Sudam. Em 2002, Jader chegou a ser preso e algemado pela Polícia Federal em Belém, sendo
transferido para um presídio em Palmas (TO). Outras cinco pessoas acusadas de desviar verbas da Sudam também foram presas, entre elas Arthur Guedes Tourinho, ex-superintendente do órgão, e Maria Auxiliadora Barra Martins, contadora do ranário. Para o Ministério Público, não restam dúvidas de que Jader Barbalho teve participação direta no esquema de fraudes.
transferido para um presídio em Palmas (TO). Outras cinco pessoas acusadas de desviar verbas da Sudam também foram presas, entre elas Arthur Guedes Tourinho, ex-superintendente do órgão, e Maria Auxiliadora Barra Martins, contadora do ranário. Para o Ministério Público, não restam dúvidas de que Jader Barbalho teve participação direta no esquema de fraudes.
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