sábado, 17 de março de 2012

Irena Sendler

Irena Sendler
“Justa entre as Nações” A mãe das crianças do Holocausto. O Anjo do gueto de Varsóvia
“Ajuda sempre o que se está a afogar, sem ter em conta a sua religião ou nacionalidade. Ajudar cada dia alguém tem que ser uma necessidade que saia do coração”. Foi este ensinamento e recomendação recebida dos pais que levou a polaca Irena Sendler (1910-2008) a salvar da morte no holocausto nazi 2.500 crianças judias que viviam no gueto de Varsóvia. Por isso, chamaram-lhe “a mãe das crianças do Holocausto” e “o Anjo do gueto de Varsóvia”.
Irena Sendler nasceu em Varsóvia, na Polónia, em 1910. Era enfermeira e trabalhava no Departamento de Bem-Estar Social da sua cidade, que administrava as cozinhas sociais, quando a Alemanha invadiu a Polónia, em 1939. Três anos depois, os nazis alemães criaram o gueto de Varsóvia. Horrorizada pelo que ali via, Irena começa a colaborar com o Conselho para a Ajuda aos Judeus. Os alemães tinham medo que se desencadeasse uma epidemia de doenças contagiosas. Por isso, permitiam que fossem os polacos a controlarem o gueto.
Esta situação deu a Irena a possibilidade de conhecer e contactar  com as famílias judias a quem levada muitas ajudas. Prevendo que as crianças seriam deportadas e morreriam com os pais nos campos de concentração para onde os nazis os levavam, a enfermeira ofereceu-se para procurar pôr as crianças a salvo fora do gueto. Era difícil convencer os pais e os avós a separarem-se dos seus filhos e netos. Irena era mãe e compreendia o drama da separação, mas procurava convencer estes pais de que era a única possibilidade de salvarem os seus filhos. Às crianças que lhe eram entregues, ela leva-as para fora do gueto usando vários meios para as esconder: ambulâncias, passando como contagiadas com o tifo, caixas de ferramentas, caixotes do lixo, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas e até caixões.
Conseguiu recrutar colaboradores no Departamento de Bem-Estar Social e com eles arranjaram documentos falsos com novas identidades das crianças. Irena escondia o registo do nome verdadeiro com o nome falso em frascos e enterrava-os debaixo de uma árvore no jardim do vizinho. Só ela sabia onde estavam os nomes. As crianças eram confiadas a famílias de confiança que as adoptavam e educavam.
Em 1943, os nazis descobriram a sua actividade. Prenderam-na, torturaram-na, partiram-lhe os pés e as pernas, mas ela nada revelou. Condenaram-na à morte, mas no caminho para o lugar da execução, o soldado que a levava deixou-a fugir. A resistência à ocupação alemã tinha-o subornado, para que ela fosse salva. Oficialmente ficou nas listas dos executados, mas ela continuou a viver e trabalhar com uma identidade falsa.
Finda a guerra e a ocupação, Irena desenterrou os frascos e, com a ajuda do comité de salvação dos judeus sobreviventes, procurou as crianças que salvara para lhes revelar a sua verdadeira identidade e as entregar às suas famílias. Infelizmente, muitos dos pais tinham sido mortos. As crianças que tinham parentes foram por estes acolhidas. Ao longo do resto da sua vida, muitas destas crianças a reconheceram e lhe mostraram uma inesquecível gratidão por as ter salvo da morte. Ela dizia porém simplesmente: “Poderia ter feito mais, e este lamento continuará comigo até ao dia em que eu morrer”. Teve uma vida longa até aos 98 anos, morrendo no ano de 2008.
A sua obra ficou escondida durante muitos anos, mas felizmente acabou por ser descoberta e reconhecida. A organização judaica Yad Vashem de Jerusalém atribuiu-lhe o título de “Justa entre as Nações” e nomeou-a cidadão honorária de Israel. Estas suas palavras podem bem resumir o que procurou fazer na sua vida: “Não se plantam sementes de comida. Plantam-se sementes de bondades. Tratem de fazer um círculo de bondades. Estas vos rodearão e vos farão crescer mais e mais”.



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