Caminhada contra a corrupção
foi da praça da República à Alepa
Mais de mil pessoas saíram
ontem às ruas para protestar contra a corrupção. A caminhada começou na praça
da República e seguiu até a Assembleia Legislativa do Estado (Alepa). Este ano,
o foco das reivindicações foi o julgamento imediato do caso mensalão, mais
investimentos nas áreas da saúde, educação e segurança.
"Este é um movimento
apartidário formado por pessoas que cansaram de assistir caladas tanta
roubalheira. De ver mais recursos sendo destinados para as obras da Copa do
Mundo, por exemplo, do que com saúde e educação. Precisamos pensar que País
queremos deixar para os nossos filhos. Hoje sou eu, amanhã são eles que estarão
sendo penalizados por conta de tanta corrupção e impunidade neste País",
afirmou Jhennifer Miranda, do Movimento Brasileiro Contra a Corrupção (MBCC).
Ela disse que a marcha é
promovida em mais de 80 países e no Brasil já está presente em várias capitais
brasileiras. Em Belém, a caminhada que começou a ser articulada pelas redes
sociais, era composta sobretudo por estudantes, mas outras categorias também
aproveitaram o protesto para agregar suas bandeiras de luta, como
representantes dos Sindicatos do Professores, Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Comissão dos Concursados, Movimento pelas Vítimas da Violência (Movida)
e do Movimento Xingu Vivo.
Foram recolhidas assinaturas
para a "Missão Ampulheta", um abaixo assinado que está rodando todo o
País pedindo mais agilidade no julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
do caso do mensalão. O documento será entregue em Brasília no próximo dia 25.
"Belém não pode ficar de fora. Também queremos mais ética na
política", afirmou Márcia Sarkis, do Grupo Quero o Fim da Corrupção.
Um dos momentos mais
emocionantes da caminhada foi quando os manifestantes atravessaram a avenida
Presidente Vargas, umas das mais movimentadas da cidade, entoando o hino
nacional, o que despertou a curiosidade e apoio de pedestres e motoristas que
passavam pelo local. "Acho justa e legítima esta briga. Estamos todos
cansados dessa roubalheira", disse a ambulante Célia Furtado, que deixou
sua barraca na praça para aplaudir a iniciativa do grupo.
Protesto junta 1.500 pessoas
na Esplanada dos Ministérios
Cerca de 1.500 pessoas,
segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal, marcharam na
Esplanada dos Ministérios vestindo roupas pretas e carregando faixas e cartazes
que pediam o fim dos desvios de verbas públicas. A marcha foi reforçada pelo público
que participa das comemorações dos 52 anos de Brasília.
Foi a terceira edição da
marcha organizada pelo Movimento Brasil contra a Corrupção. Os protestos são
organizados, principalmente, pelas redes sociais. Segundo um dos organizadores,
Rodrigo Montezuma, estão previstas mobilizações semelhantes à de Brasília em
cerca de 40 cidades.
As principais bandeiras
desta edição da marcha são o fim do voto secreto nas votações do Congresso e
celeridade no julgamento do escândalo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
Entre os cartazes, muitos
pediam a saída do governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), citado nas
investigações da Polícia Federal que levaram à prisão o empresário goiano
Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de jogos ilegais.
Segundo Montezuma, o
movimento é apartidário e não tem relação com nenhum grupo político específico.
"Todos os dias nós temos notícia de corrupção, no café da manhã, no almoço
e no jantar. Os homens públicos que deveriam zelar pelos recurso estão pilhando
o dinheiro do contribuinte".
A estudante Júlia Freitas,
15, participou da marcha pela primeira vez e vai engrossar os próximos
protestos. "O que me motivou a vir foi a revolta. Tem gente que mora na
rua e não tem o que comer enquanto outros estão desfilando por aí de carrão, se
dando bem com o nosso dinheiro".
O servidor público Júlio
Proença levou as três filhas, de 9, 15 e 17 anos, para participar da marcha.
Ele acredita que elas precisam se conscientizar sobre os problemas causados
pela corrupção. "A minha geração abandonou isso pelo movimento político da
época (contra a ditadura militar). Acho que as crianças têm que ter essa
consciência políticas que foi deixada de lado pelo brasileiro".
A próxima marcha contra a
corrupção já tem data e hora marcada: 7 de setembro, Dia da Independência às 19 horas na praça da Matriz da Vila dos Cabanos em Barcarena.
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