terça-feira, 1 de novembro de 2011

Justiça anula questões do ENEM e Governo vai recorrer de decisão de anulação



Justiça anula questões de provas do Enem

As questões 32, 33, 34, 46, 50, 57, 74 e 87, do 1º dia, da prova amarela, e as questões 113, 141, 154, 173 e 180, do 2º dia, da prova amarela, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foram anunciadas, ontem, como anuladas, pela Justiça Federal do Ceará.


Os estudantes tiveram acesso antecipado a questões do Enem em um simulado no colégio Christus, de Fortaleza.


Após a divulgação da sentença, o procurador da República no Ceará Oscar Costa Filho afirmou que estava satisfeito com a decisão. “Está resguardado o princípio da isonomia”, disse. Em sua ação, Costa Filho pedia a anulação das questões para todos os candidatos ou o cancelamento do exame no País.

Para Tufi Machado Soares, professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora, a anulação das questões pode prejudicar a capacidade do Enem de classificar os candidatos, diminuindo a precisão da diferença entre as notas “Quanto menor essa precisão, menor a discriminação do teste. Principalmente entre os candidatos com melhor desempenho”, explicou.


O professor afirma que a Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada no Enem, ainda tem melhor capacidade de distinguir as diferenças entre os candidatos que o método tradicional.


No entanto, de acordo com o professor, como cada questão tem um nível diferente de dificuldade, a anulação das 13 questões pode atingir os candidatos de forma desigual.








“Prejudica de imediato quem acertou as questões. Mas, para alguns, pode não afetar em nada”, diz Soares, especialista em TRI. (Agência Estado)
Governo vai recorrer de decisão de anulação de questões
O governo vai recorrer da decisão Justiça Federal, no Ceará, que determinou a anulação de 13 questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A opção pelo recurso judicial - que pode virar uma batalha de tribunais - foi tomada por pressão do ministro da Educação, Fernando Haddad, contra a decisão técnica da Advocacia Geral da União (AGU). O recurso deverá ser protocolado amanhã, quinta-feira, 3, no Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, sediado em Recife.
Na manhã de ontem, a decisão era por não apresentar recursos para evitar um confronto com o Ministério Público e uma intensificação de ações no Judiciário em torno do Enem. No ano passado, a batalha judicial por conta de erros, como a troca de cabeçalho no cartão-resposta e falhas na encadernação, chegou a suspender o exame. Neste ano, segundo investigação da Polícia Federal (PF), as 13 questões anulados pela justiça cearense vazaram para alunos do colégio Christus, de Fortaleza, em outubro do ano passado, após a aplicação do pré-teste.
Além de evitar uma eventual guerra judicial, o governo teme um desfecho que, depois de três edições do Enem com erros, arranhe a imagem pública do ministro Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo no ano que vem. O ministro ficou irritado ao ler essa avaliação estampada no portal Estadao.com.br. Em conversa com assessores da Presidência, Haddad disse que era inadmissível "a ilação do quinto parágrafo da matéria do Estadão" - ele referia-se ao parágrafo publicado no portal do Estado, que falava de eventuais problemas com a candidatura à Prefeitura.
A intenção do governo, ao aceitar a decisão da Justiça Federal, era validar as 167 questões da última edição do Enem. Na avaliação de técnicos do Ministério da Educação (MEC) e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), mesmo sem 13 das 180 questões do exame, "o teste de avaliação não perde qualidade de seleção".
No início da tarde, porém, devido às pressões políticas, a AGU anunciou que encaminhará um recurso para tentar derrubar a decisão que anulou questões do Enem. "Com o recurso, a AGU quer evitar que os mais de 4 milhões de estudantes que fizeram a prova e aguardam os resultados - inclusive para participarem de processos seletivos que utilizam a nota do Enem - sejam prejudicados", justificou o órgão encarregado da defesa.
O governo deverá sustentar que o exame deve ser cancelado apenas para os alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, no Ceará. Segundo o MEC, se a prova for cancelada apenas para os alunos do Christus, eles poderão fazer novamente o exame juntamente com presidiários, no final de novembro. O MEC disse que, no exame destinado aos presos, existe uma cota extra de provas destinada a atender imprevistos.
Essa cota foi usada, por exemplo, no passado, quando alunos do Espírito Santo não puderam fazer o Enem por causa do excesso de chuvas na região. O MEC informou que os responsáveis pelo vazamento da prova poderão no futuro ser acionados para arcar com eventuais prejuízos.

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