Desta vez peemedebista
foi denunciado criminalmente pelo MPE no caso de médica 'fantasma' da alepa
O Ministério Público do Estado (MPE) ofereceu ontem a quinta
denúncia criminal sobre as fraudes na Assembleia Legislativa do Estado (Alepa).
Pela segunda vez, um dos denunciados é o ex-presidente do Legislativo Domingos
Juvenil (PMDB), que comandou o Poder entre 2007 e 2010. Juvenil, a médica Paula
Roberta Ferreira Martins e a servidora da Alepa Paulina do Socorro da Costa
Nascimento foram denunciados criminalmente por falsidade ideológica e, no caso
de Paula Roberta, também pelo crime de abandono de função pública. Os três já
haviam sido incluídos em uma ação civil por improbidade administrativa ajuizada
semana passada pelo promotor Nelson Medrado.
Segundo o promotor de justiça Arnaldo Azevedo, que assina a
denúncia criminal, a médica Paula Roberta foi admitida para o setor de saúde da
Alepa em 2007 e, em 2008, foi aprovada em concurso público para o quadro da
Fundação Hemopa
De acordo com Azevedo, o crime de falsidade ideológica, previsto
no artigo 299 do Código Penal, foi cometido pelos três denunciados, e prevê
pena de 1 a
5 anos de reclusão. 'No caso de Juvenil, o crime se deu quando, em ofício
enviado ao Hemopa, ele fez constar no expediente que Paula Roberta iria
desenvolver suas atividades no departamento médico da Alepa, o que não ocorreu.
Ela foi lotada no gabinete civil e, posteriormente, no gabinete da Presidência.
Portanto, ele fez constar em documento público declaração falsa', afirmou
Azevedo. O promotor acrescentou ainda que Juvenil tinha 'pleno conhecimento' da
situação de ilegalidade, já que foi ele quem solicitou a cessão da médica para
a Alepa.
Azevedo informou ainda que, segundo a legislação, a médica não
poderia ter sido cedida para trabalhar em função diferente da que exercia no
órgão de origem. 'Note-se que ao fazer constar no ofício (...) que a servidora
exerceria suas funções no Departamento Médico do Setor de Saúde da Alepa,
Domingos Juvenil visava burlar a lei e obter a cessão da servidora solicitada,
beneficiando-a indevidamente. Tanto é que a lotou no Gabinete Civil da
Presidência da Casa, corroborando a tese de que inseriu em documento público
(...) informação diversa da qual nele deveria constar', diz o promotor na
denúncia.
A servidora Paulina Nascimento, responsável por informar os
órgãos de origem sobre a frequência dos acolhidos na Alepa, também foi
denunciada pelo mesmo crime. 'Paulina atestava a frequência da médica e,
portanto, praticou o crime de falsidade ideológica, ao fazer inserir em
documento público uma informação diversa da realidade, mentirosa. Ela atestava
a frequencia diária como se a Paula Roberta estivesse indo trabalhar', disse o
promotor Azevedo.
No caso de Paula Roberta, que foi beneficiada com o esquema
fraudulento, cabe a condenação pelo mesmo crime, segundo o promotor. 'Ela entra
no mesmo dispositivo por co-autoria, porque ela foi beneficiada pela ação de
Paulina. Então, de qualquer forma, contribuiu para a prática de crime e tinha
pleno conhecimento de que a sua frequência vinha sendo atestada, tanto que
recebia religiosamente os dois vencimentos', informou Azevedo. A médica também
deve responder por abandono de função pública, crime previsto no artigo 323 do
Código Penal, que prevê uma pena de 3 meses a 1 ano de detenção.
Promotor recomenda
reparação de R$ 241 mil aos cofres públicos
Na denúncia criminal, o promotor de justiça Arnaldo Azevedo
solicita a reparação mínima dos danos causados ao erário público pela ação
criminosa dos denunciados. A denúncia do Ministério Público do Estado (MPE)
pede que, em caso de condenação, a Justiça determine 'como valor indenizatório
mínimo a ser pago pelos denunciados aos cofres do Poder Legislativo o montante
de R$ 241.282,14', valor que a médica Paula Roberta Ferreira Martins recebeu
indevidamente durante os últimos anos.
Além do ressarcimento aos cofres públicos, a denúncia feita por
Azevedo solicita a suspensão da função pública da servidora da Alepa Paulina do
Socorro da Costa Nascimento, que é efetiva na Alepa. 'Segundo informações da
própria Alepa, Paulina já responde a uma sindicância pelo sumiço de documentos
da pasta funcional de Ana Mayra, que era a funcionária da deputada Simone
Morgado, embora morasse em Portugal'.
Para o promotor, o afastamento de Paulina se faz necessário como
medida alternativa ao pedido de prisão. 'Ela precisa ser afastada, a fim de se
evitar que novas infrações sejam praticadas e haja prejuízo para a
investigação', concluiu o promotor.
Segundo o promotor de justiça Arnaldo Azevedo, mais denúncias
criminais sobre o caso estão sendo preparadas. 'As investigações progridem, mas
ainda existe muito a ser feito, principalmente em relação às fraudes em licitações. O dr.
Medrado [promotor do MP que investiga o caso Alepa pelo viés da improbidade]
irá ajuizar ações nesse sentido, que certamente servirão de base ao
oferecimento de denúncias criminais contra os responsáveis por esses
desmandos', disse Azevedo. Segundo o promotor, possíveis fraudes nos convênios
da Alepa também estão sendo investigadas pelo MP.
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